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Juros altos pressionam varejo, e setor fecha mais de 100 lojas em um ano, mostra estudo

Número de fechamentos é obtido a partir do saldo entre o número de unidades abertas e fechadas nos últimos 12 meses; BC manteve Selic em 13,75% ao ano


Foto: REUTERS/Lisa Baertlein

Um levantamento da Ável Investimentos mostrou que, nos últimos 12 meses, varejistas do país registraram o fechamento de mais de cem lojas. Especialistas consultados pela CNN destacam os impactos negativos dos juros altos ao setor.


Na quarta-feira (21), o Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano (cifra que vem sustentando desde agosto de 2022). Analistas do mercado viram como “duro” o comunicado da instituição sobre a decisão.


O número de fechamentos é obtido a partir do saldo entre o número de unidades abertas e fechadas nos últimos 12 meses. O levantamento tem como base dados da Bolsa de Valores, leva em conta o período até março deste ano e não considera o setor de alimentos.


Segundo a pesquisa, os fechamentos de lojas são puxados pelo Magazine Luiza. Além de ter reduzido expressivamente suas unidades, a varejista registrou prejuízo de R$ 361,2 milhões somente no primeiro trimestre deste ano.


A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, pediu em evento nesta semana que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizasse o corte dos juros. Ela disse que já ligou para ele “mais de 20 vezes” recentemente.


Outras varejistas, como a Marisa, indicam a abertura de lojas no período capturado. A varejista do ramo da moda, no entanto, anunciou recentemente que fechará 91 lojas em plano de reestruturação.


“Toda vez que os juros sobem, a tendência é de queda da demanda. Por isso, um dos fatores que afetam o varejo é a taxa de juros, não apenas a Selic, mas a taxa ao consumidor final”, explica Antônio Corrêa, professor de economia da PUC e ex-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo.


Para Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio-SP, a grande questão dos juros elevados é que eles dificultam o acesso ao crédito ao consumidor e acerto de contas de inadimplentes.


“Isso não quer dizer que o cenário do varejo esteja negativo, mas que as altas taxas impedem o crescimento mais forte do segmento”, comenta.


Além disso, Dietze acrescenta que os juros elevados deixam o comerciante brasileiro apreensivo, principalmente os proprietários de pequenos e médios negócios, que têm taxas ainda mais altas para contratar crédito de capital de giro e curto prazo para o pagamento de funcionários e fornecedores.


A CNN procurou Magazine Luiza, Marisa, Renner e C&A para um posicionamento. A Marisa afirmou que, do plano de fechamento de 90 lojas até o final deste mês, 75 foram encerradas. E que está negociando acordos com fornecedores estratégicos.


A C&A cita a conjuntura macroeconômica de juros altos e endividamento das famílias impactando o varejo como um todo e que, “na C&A Brasil, não é diferente.” “Esse cenário enfraquece o consumo e restringe o poder de compra, o que acaba causando um volume menor de visitas às lojas e, consequentemente, de vendas.“


A Renner diz que avalia que as aberturas e os fechamentos são “movimentos naturais do varejo” e que segue fazendo uma análise do desempenho das suas operações, o que pode resultar em fechamentos pontuais, “dentro da normalidade”.


A Magazine Luiza não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. O texto será atualizado se houver resposta.



Por CNN




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